Inaugurada em dezembro de 2013, a ponte móvel Friedrich Bayer foi implantada sobre um canal da represa Guarapiranga, na confluência com o rio Pinheiros, em São Paulo, com a função de ligar o bairro do Socorro à estação de trem e metrô Santo Amaro. A estrutura conecta, além disso, dois trechos da Ciclovia do Trabalhador, instalados pelo Governo do Estado em cada uma das margens. Por isso, a ponte foi planejada como uma passarela para promover a travessia de ciclistas e pedestres - esperam- se 15 mil passantes diários. Com custo de cerca de R$ 5 milhões, a obra foi inteiramente financiada pelo Grupo Bayer, cuja sede é em local próximo a uma das extremidades da ponte.
O projeto arquitetônico, elaborado pelo escritório Loeb Capote Arquitetura e Urbanismo, previa a implantação de três ilhotas circulares sob a superestrutura, cobertas por jardins e com um único pilar central de apoio praticamente fora do alcance da visão, de forma que parecessem vitórias-régias flutuando sobre a água. "Os estudos que fundamentaram os avanços do trabalho levaram quase um ano. Por fim, devido a uma série de questões arquitetônicas e funcionais, o projeto ficou com duas passarelas fixas e duas passarelas móveis, além de duas vitórias-régias", aponta o engenheiro Renato Pompéia Gioielli, sócio- -diretor da Grupo Dois Engenharia, empresa responsável pelo projeto de estrutura metálica e concreto armado.
Uma vez que há tráfego de embarcações no canal, para limpeza e dragagem do sistema, a passarela teve que ser concebida como ponte móvel. "O projeto considerou a largura da embarcação, atendendo à solicitação da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae). Quando a ponte abre, o vão livre para a passagem é de 12 m", explica Gioielli. "Como a distância entre os apoios é de 30 m, ficaram praticamente dois balanços de 15 m cada um", completa.
Diante da necessidade de criar uma estrutura com mobilidade, os engenheiros optaram por desenvolver o sistema móvel nos moldes de um mecanismo de ponte rolante, de forma que os apoios também puderam ser projetados da maneira convencional. "Conseguimos dar uma solução relativamente simples empregando um sistema que já existe e é muito conhecido, o que contribuiu para deixar os custos mais baixos", define Gioielli. Contudo, foi preciso desenvolver o motor específico para aplicação na passarela - com apoio de uma empresa especializada em pontes rolantes -, além dos rolamentos e trilhos que compõem o sistema móvel.
O mecanismo de abertura é acionado por meio de um botão instalado por baixo da grade da passarela, no centro de cada uma das vitórias-régias. "Quando é necessário, a grade é retirada e acessa-se a caixa de acionamento, fazendo-se conexão de energia por gerador ou por ligação direta com a rede elétrica", detalha o engenheiro projetista.
De acordo com Gioielli, a solução adotada para a ponte Friedrich Bayer é única no Brasil. "A maioria das pontes móveis tem abertura para cima, um sistema retrátil que permite estrutura mais leve, já que se cria um ponto de apoio - como se fosse uma ponte estaiada com balanços", afirma. Para pequenos vãos, entretanto, a abertura em rotação é economicamente interessante e replicável, quando comparada com o sistema retrátil convencional. "O sistema que aplicamos ficou mais simples do que o de uma ponte retrátil e, por isso, teve custo menor. Com vãos maiores, entretanto, a comparação ficaria desfavorável, por conta do balanço", pondera Gioielli.